Cuidados com a alta dosagem de vitamina DEstudos realizados pela equipe da DASA alertam sobre uso excessivo da vitamina D

São Paulo, Brasil|2019-10-23

Após observação clínica nos resultados de exames de diagnóstico dos pacientes da DASA, a endocrinologista, Cleide de Oliveira Weingrill Sabino, junto com demais médicos do laboratório detectaram um aumento considerável nas doses de vitamina D nos pacientes, ou seja, em alguns casos estavam ocorrendo uma hipervitaminose.

Mas, o que estaria acontecendo? Recentemente, a vitamina D passou a ser mais prescrita pelos médicos que, além de indicarem para os casos de osteoporose e raquitismo, passaram também a inclui-la no tratamento de pacientes com câncer e doenças autoimunes.

Quais os riscos para os pacientes? Os pacientes que utilizam megadoses de vitamina D podem desenvolver um quadro de intoxicação com hipercalcemia que, entre os sintomas, estão: a perda de apetite, náusea, vômito, sede excessiva, fraqueza, urina aumentada, irritabilidade / nervosismo, hipertensão. O excesso de cálcio circulante pode ocasionar também lesões renais.

Métodos: Foram avaliados dados de rotina dos anos de 2012, 2017 e 2018, analisando os diversos parâmetros envolvidos no metabolismo do cálcio, como cálcio total e ionizado, PTH (paratohormônio), 25 OH vitamina D e creatinina. A metodologia utilizada para 25 OH vitamina D e PTH foi a quioluminescência no ADVIA Centaur XPT, CPC para o cálcio total e jaffe para creatinina no ADVIA Chemistry, e íons seletivos pelo analisador AVL para o cálcio ionizado.

Resultados: Numa análise comparativa entre o mês de outubro de 2012, 2017 e de 2018, apesar de o número de hipercalcemia por todas as causas se manter relativamente estável, com queda em 2017 (7,9% para 4,9%) e ligeiro aumento em 2018 de 5,53%, aqueles comprovadamente relacionadas com hipervitaminose D passaram de 0,27% em 2012 para 0,82% em 2017 e em 2018 aumento significativo de 1,71%, totalizando crescimento de 6,3% de casos de intoxicação ao longo dos últimos 6 anos. Foram observados casos de intoxicação por Vitamina D a partir de 102,66 ng/mL.

Conclusão: O número de incidência de intoxicação por Vitamina D dobrou de 2017 para 2018, sugerindo que a prescrição de megadoses de vitamina D continua uma prática em protocolos terapêuticos, como no tratamento para doenças imunes e que a monitorização da terapia com apenas dosagens séricas de Cálcio e vitamina D não é eficaz. A literatura sugere o monitoramento para a prevenção da hipercalcemia e a dosagem do cálcio em urina de 24 horas. É importante que a classe médica seja alertada dos riscos dos casos de intoxicação associado a prescrição de altas doses de vitamina D e como deve ser realizado o controle no tratamento para cada paciente.

Como podemos ajudar? Com orientações para os médicos a respeito da dosagem de calciúria de 24h, que passa a constar nos laudos com a referência de que acima de 100 unidades já existe risco de intoxicação de vitamina D.

Cleide de Oliveira Weingrill Sabino, mestre em endocrinologia – Escola Paulista de Medicina/Unifesp, médica de apoio ao Núcleo Técnico Operacional e Alphaville - SP