Por Dra Raylla Maria Moreira Candido Machado* Médica Radiologista, colaboração Dr. Paulo Henrique Coelho Machado, Sr. Natanael de Oliveira Moura, estudante do segundo ano de medicina pela Universidade Estácio, Ana Paula Francisqueti Marketing Clínico Siemens Healthineers e Caroline Kurihara especialista de Aplicação Siemens Healthineers. *Instituto de Medicina Diagnóstico por Imagem do Cariri, IMÉDICA, Juazeiro do Norte, Ceára, Brasil
Prontuário
Paciente assintomática de 48 anos, realizou mamografia de rastreio (imagem 1 e 2) que evidenciou um pequeno grupamento de microcalcificações com morfologia pleomórfica e distribuição segmentar, localizado na UQM (união dos quadrantes mediais) da mama direita, não disponibilizou exames anteriores e retornou ao mastologista que solicitou core-biópsia por estereotataxia.
Materiais e métodos
Para atingir os objetivos propostos da core-biópsia por estereotaxia na paciente foi utilizado o aparelho de mamografia da Siemens Healthineers MAMMOMAT Fusion com biópsia estereotáxica. A paciente estava sentada e antes do procedimento foi realizada antissepsia e anestesia local com xylocaína a 2% sem vasoconstritor, o instrumento utilizado para a coleta de fragmentos foi pistola automática com agulha de 14G por 10,0 cm. O material adquirido foi enviado para a análise patológica em um frasco com formol.
Diagnóstico:
Realizado a análise do menor trajeto para acessar a área referida, a paciente foi posicionada em oblíqua, através da entrada de raios X em médio-lateral com angulação de 50°. As marcações dos alvos foram feitas em duas abordagens distintas (imagens 3 e 6), com objetivo de atingir a maior quantidade de microcalcificações. O procedimento foi realizado sem intercorrências e os fragmentos obtidos foram submetidos a um estudo radiológico demonstrando espécimens adequados com a presença de microcalcificações na amostra (imagens 5 e 7). O resultado anátomo-patológico obtido foi de carcinoma ductal in situ.
Comentários
As microcalcificações mamárias são achados bastante comuns, porém quando pleomórficas e agrupadas, devem ser avaliadas de forma minunciosa e por profissional experiente, pois a depender da sua morfologia e distribuição traduzem uma maior chance de malignidade, em conformidade com o BI-RADS – Tabela 1 e 2. A paciente em questão apresentava um grupamento com morfologia pleomórfica que declara que a paciente pode ter 29% de chance de malignidade – tabela 1 – e associada com sua distribuição aparentemente segmentar, demonstra chance de malignidade de 62% - tabela 2 – sendo assim, mandatória a realização de procedimento minimamente intervencionista, através da mamografia, utilizando Raios-X e mesa estereotáxica permitindo escolher precisamente os alvos para diagnóstico adequado.
Tabela¹ . Probabilidade de Malignidade em função dos descritores BI-RADS® da Morfologia da Calcificação.
b N/A = Não Aplicável Este estudo, publicado em 1998, relatou 98 cânceres entre 241 casos de calcificação pleomórfica (41%). A quarta edição do BIRADS (publicada posteriormente em 2003) subdividiu o descritor pleomórfico em descritores pleomórficos heterogêneos grosseiros e pleomórficos finos.
c N/S = Não Especifico. Este estudo se refere somente a casos de calcificações amorfas
Tabela ². Probabilidade de malignidade em função dos descritores BI-RADS® de distribuição de calcificação
Resultado
O resultado encontrado foi o carcinoma ductal in situ que corresponde a um estágio pré-câncer, quando está limitado aos ductos e ainda não há rompimento da membrana basal e portanto provavelmente ainda não há metástase, permitindo uma maior chance de cura, sendo este é responsável por 25-40% dos cânceres de mama detectados mamograficamente. A maioria das pacientes são assintomáticas, mas algumas delas podendo apresentar secreção mamilar ou doença de Paget. Em relação as manifestações mamográficas sabe-se que são variadas, porém as microcalcificações podem estar presentes em 50-75% dos casos. Os tratamentos que podem ser realizados são: mastectomia e quandrantectomia com radioterapia para lesões menores, geralmente abaixo de 2 cm.
Carcinoma ductal in situ, grau 2, nuclear com comedonecrose.
- • 1. D’Orsi CJ, Sickles EA, Mendelson EB, Morris EA, et al. ACR BI-RADS® Atlas, Breast Imaging Reporting and Data System. Reston, VA, American College of Radiology; 2013. ISBN:155903016X.
- • 2. Harris A. Caso 41: Carcinoma ductal in situ. Radiologia. 2001;221(3):7703. doi:10.1148/radiol.2213000890 [Pubmed].
- • 3. Yamada T, Mori N, Watanabe M et al. Correlação radiológica-patológica do carcinoma ductal in situ. Radiográficos. 2010;30(5):1183-98. doi:10.1148/rg.305095073 [Pubmed].








